quarta-feira, setembro 20, 2006

Quer emprego? Não siga dicas de jornais!

Interessante que em intervalos regulares parece que alguma maldição, alguma praga ruim volta a assombrar a região do Recursos Humanos. Não sou presunçoso ao ponto de achar que essa nossa área é a única a ter dificuldades e situações desagradáveis, mas vamos manter o foco em nosso quintal para critérios dessa discussão.

Digo isso porque saiu nesse domingo, no jornal O Popular, daqui de Goiânia, uma reportagem na capa do caderno de classificados de emprego mais uma reportagem falando de “Dicas de entrevistas”, com orientações “profissionais” de como o candidato a uma vaga profissional deve se comportar em uma entrevista.

Não fale mal do seu antigo empregador.
Não fale muito.
Não fale pouco.
Fale de você.
Não fale demais de você.
Ria.
Não mostre os dentes.
Sente assim.
Não sente assado.

E mais um monte de bobagens que negam o mais importante de uma entrevista: é um processo dinâmico que se constrói em uma relação. Essa relação entre o entrevistador e o entrevistado que acontece ali, naquela exata hora, e surgem essas malditas reportagens des-ensinando todo mundo a se comportar. Como se existisse receita de bolo!

Qualquer babuíno com dois neurônios sabe que um processo seletivo visa encontrar a melhor pessoa naquele momento para aquela vaga específica. Não existem regras gerais, e quem acredita que existam essas regras gerais é capaz de acreditar que se entupir a caixa de mensagens dos amigos com mensagens burras vai fazer seu orkut ficar verde. Confesso que não entendo o motivo de querer que o orkut fique verde, mas gente estúpida existe em todo canto.
Enfim, um jornal que é líder de circulação na cidade, sendo um dos de maior circulação do centro-oeste inteiro se presta ao ridículo de publicar um amontoado de clichês e sandices como se estivesse prestando um serviço ao público desempregado.

O sujeito que procura emprego não merece ser tratado com tanto escárnio. É uma pessoa que – em sua imensa maioria – está passando uma fase de muita dificuldade, dívidas, cobranças da família e da sociedade em geral, queda de auto-estima, e me vem uma imbecil que se diz jornalista perder uma página inteira de um jornal para publicar essa porcaria e confundir ainda mais uma pessoa que precisaria antes de orientação embasada, de formação adequada e de amparo. É um pecado recorrente.

Não passamos um ano sem algum cretino ter essa idéia maravilhosa e empulhar os leitores ávidos por soluções mágicas com esses textos enormes recheados de pedaços de informações coletadas em alguma pesquisa googlica.

E o texto ainda se contradiz, porque no único momento de sensatez do texto inteiro, uma consultora – e que pecado não ter o nome dela anotado, pois merece loas – instrui que a única receita para se “dar bem” em uma entrevista é ser autêntico, honesto, sincero e qualquer outro termo que lembre a palavra VERDADE. Conseguir um emprego falseando seu comportamento em uma entrevista é somente uma forma de conseguir remuneração pelo seu sofrimento. É arrumar um emprego que não serve ao seu perfil, que não atende a sua expectativa, que enfim não vai lhe permitir ser feliz no trabalho, e por mais que queiram negar os céticos, isso é possível sim: Ser feliz no trabalho.

Lembro da época de faculdade quando esse mesmo jornaleco publicou uma matéria copiada de alguma empresa de clipping ou coisa parecida, que falava de dicas para o teste HTP. Para quem não é do ramo, esse teste é aquele em que o sujeito é solicitado a fazer alguns desenhos, e o mais comentado sempre era o da árvore.

Faça raízes na árvore.
Desenhe frutos.
Não desenhe frutos grandes.
Ponha chão.
Evite esse tipo de chão.
Linhas grossas revelam isso de você.
Linhas finas revelam aquilo do diabo que te carregue.

E o teste que tinha sua validade para algumas atividades (eu mesmo nunca gostei dele) perdeu completamente sua utilidade, porque todo maluco que tinha lido a matéria desgraçada já tinha um desenho pronto na cabeça que nunca era o desenho original que ele poderia ter imaginado livremente, sem orientações e de forma criativamente autêntica.

Claro que isso ainda acontece porque a classe psicológica é muito desunida. Isso é até assunto para outro post um dia desses. Porque só isso explica e justifica tanta barbaridade cometida contra sistemas de nossa atividade profissional que ainda se perpetuam.

Lamentavelmente um monte de processos seletivos serão falhos por causa de matérias como essas, pois candidatos falsearão o que são, entrevistadores irão procurar por entrelinhas e mensagens sub-liminares, e vagas permanecerão sendo preenchidas por “atores” e “atrizes”de entrevista.

Muito agradecido, O Popular, por dificultar ainda mais a contratação de profissionais.

Pulhas!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

sexta-feira, setembro 15, 2006

Político Honesto? Aonde?









Faça o seguinte:

1 – vá para o Google – http://www.google.com.br/ < http://www.google.com.br/

2 – digite: politico honesto

3 – clique em "*Estou com sorte*" e não em "Pesquisa Google"

4 – veja o resultado (leia com atenção)! ...


E dê boas risadas!


Ou não. Esse é ano de eleições, pense bem.

Há braços!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

terça-feira, setembro 12, 2006

What pôrra is it?

Aí então você resolve dar uma segunda chance, para ver se as coisas estão diferentes ou continuam como antes. É um passo arriscado, tolo até, mas que precisa ser tomado vez por outra. E já sabendo que sua opinião não interfere em muita coisa, ou seja, se na sua opinião mudou ou não, isso na verdade não importa. Enfim, é uma segunda chance.

E lá fui eu assistir a rede Globo no domingo à noite. Não digo que foi decepcionante porque as coisas permanecem como sempre foram, não vi piora significativa, nem melhora nenhuma. Num mundo com tantas coisas mudando tão rápido, é bom saber que algumas coisas permanecem como sempre foram: o Fantástico continua fazendo seu jornalismo rasteiro, com chamadas de impacto e a tentativa de criação de factóides que não sobrevivem a uma olhada menos sonolenta. A velha tentativa de fazer uma “revista eletrônica” cai por terra fragorosamente, especialmente para um público habituado a revistas eletrônicas de verdade. Mas quando você acha que não vai dar certo, aí então você é surpreendido e as coisas ficam realmente bastante piores.

A Globo ia transmitir um evento que acontece regularmente em Nova York, o Brazilian Day. Uma tentativa de suavizar o velho pedido da Liberty Lady sobre mandar os pobres e desvalidos. Pois bem, o mundo lhes mandou seus pobres, seus desvalidos, entregadores de pizza, imigrantes ilegais, traficantes e toda sorte de mulambeira que decidiu que viver num mundo melhor faria sua própria vida melhor; e aí, num arroubo de genialidade criativa, algum publicitário (isso tem que ser coisa de publicitário) teve a idéia de importar festas dos nativos, como a de São Patrício para os onipresentes irlandeses, ou então de criar uma festa para os que não haviam trazido as suas, caso desse dia “brasiliano”.

Talvez a idéia fosse juntar essa tribo num dia e fazer o máximo de barulho possível nessa data com a vã ilusão e esperança de que no resto do ano eles fizessem silêncio. Vã, como disse, porque continuam ouvindo seus cd´s no último volume em seus carros, nas portas dos prédios, em suas salas madrugada adentro (trabalhando em horários alternados e malucos, sobra-lhes a madruga para se divertir). E nem a tentação do I-Pod com seus fones de ouvido branquinhos e anódinos sacia uma turba que se socializa na bagunça e na farra, cantando alto e fazendo seus passos, que aos olhos de um redneck típico deve soar como alguma dança de guerra ou para chamar chuva. Quem mandou pedir que os mandássemos? Mandamos, e particularmente gostaria que ficassem por aí. Não fazem falta nenhuma do lado de cá e com esse pensamento servil de pequeno-ambicioso realmente deveriam continuar sendo tratados como cidadãos de terceira categoria dizendo “Yes, sir” para quem lhe abane algumas notas de dólar. Existirão exceções? Claro que sim, mas exceções não rendem assunto. Falemos dos “cucarachas” que rastejam para poder comprar uma enorme moto e um carro do ano, e que se esquecem que ao voltar para seu país os dólares acumulados fatalmente acabarão, pois a maldita moto insiste em beber – muita – gasolina e o carro demanda seguro e manutenção.

Enfim, Nova York realiza uma festa por ano para essa turma longe de casa. E tome-lhe verde e amarelo e discursos ufanistas de quem defende isso ou aquilo na política do país, sem se comprometer nem se envolver. Ou daqueles que incitam a população do país – o nosso – a não aceitar essa ou aquela patifaria, mas dito isso bem acima do Equador, com aquecimento em suas favelas yankees (alguém ainda usa esse termo?).

E a Globo ia transmitir um show realizado nesse dia. Na transmissão do Fantástico, eis que surge um teaser do programa que seria apresentado de madrugada, uma amostra dos shows que seriam transmitidos. E aí minha repulsa conseguiu ser vitaminada.

Mostraram os gêmeos xipófagos Sandy e Júnior cantando em inglês. Depois mostraram o gêmeo sobrevivente Leonardo cantando em espanhol. E depois para culminar o descalabro mostraram a banda de axé-saltitante Babado Novo cantando em inglês, uma música do Guns´n Roses!! Não entendi nada.

A festa não era pra brasileiros? Então porque cantar em inglês e espanhol? Para agradar aos vizinhos imigrantes de outras plagas que não conheciam música brasileira? E Guns´n Roses canta alguma música do Noel ou do ministro? “Llore por mim” ao invés de “Chore por mim” soa tão canastrão que nem mereceria comentários, mas como me arvoro na minha condição de articulista rasteiro, posso chafurdar no tema sem receio.

É muita palhaçada realizar um evento para os miseráveis e preguiçosos que deportamos daqui com nossa violência e falta de emprego, enviando-os humilhados e teimosos insistindo em ter uma vida que preste, e aí quando chega numa festa a eles dedicada os músicos tocam em outros idiomas. Para impressionar a maioria latina da cidade, talvez. Não para impressionar os brazucas, não poderia ser.

Nem comento a qualidade das atrações apresentadas, porque essa escalação que eu mencionei só consegue atrair minha atenção quando estou – como estava – deitado na frente da Tv e longe do controle remoto. Detesto-as ou no mínimo não as aprecio, por serem músicas que pecam pelo popularesco, pelo apelo de consumo fácil, pela gratuidade de algo que nem merece o rótulo de arte. Dizer que essa linha de frente é o quadrado mágico da música brasileira é espancar o bom gosto na porta da igreja, sem dó nem piedade e nem medo do ridículo.

Escalar essas atrações se explica porque são de apelo fácil, justamente o que me desperta engulhos, mas o povo gosta, compra, consome e canta a plenos pulmões seus hits e composições. Mas – suprema traição – os artistas populares lá aparecem e ao invés de cantar algo que faça os deportados lembrarem de suas casas, do barulho do riacho, dos passarinhos e de qualquer outra platitude beócia, os infelizes se metem a cantar em outra língua.

E a loirinha fagueira ainda comete uma música de uma banda tipicamente americana e – sei que vou levar pedrada por isso – boba. Sim, sei que foi moda e consumida em grandes bocadas, mas isso já passou e a banda de Mr. Rose hoje em dia não serve nem como piada atrasada. Ou alguém ainda acredita em democracia chinesa?

Mas numa coisa agora percebo meu engano, pois agora consegui entender a quem querem impressionar cantando em outros idiomas: ao público presente. Isso mesmo, aos pachecos! Com essa escalação cantando em língua de "primeiro mundo" tentam - e conseguem, aposto! - impressionar os brazucas! Sentem-se tão seduzidos pelo “primeiro mundo”, claro que seriam facilmente enlevados ao ouvirem hits radiofônicos e outros nem tanto, mas cantados em inglês ou espanhol. Quem estava ali para ouvir a porca música brasileira? Queriam, isso sim, ver que seus artistas conseguem se expressar nas línguas ricas e vivas do mundo, e não no nosso atabalhoado e cheio de regras português.

Confirma-se o comportamento colonizado, rasteiro e submisso dessa sub-espécie que é esse tipo de expatriado. Se seus artistas cantam em inglês, são ainda maiores e melhores do que se era deles esperado, pois conseguem se expressar nos idiomas que grassam e dominam – naturalmente – a cidade rica e envidraçada que agora lhes serve de pouso.

Merecem esse espetáculo pobre, a ridícula alegria fast-food de apresentadores globais que estavam ali a passeio, exercitando seu talento (?) trazendo o povo na mão como se cantassem os lances de um leilão de quermesse. Artistas (?) que lhes reverenciam o comportamento minúsculo e reforçam sua atitude de patriotada, e não de patriotismo.

“Brazilian day” my ass!!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

sábado, setembro 09, 2006

"Taxi Driver" no RABISCO.

“Você está falando comigo? Está falando comigo?” Há 30 anos que esta indagação ecoa nas telas de cinema. Quem pergunta é Robert DeNiro, no auge de sua paranóia persecutória em Taxi Driver , filme que em 2006 completa 30 anos.”

E é sobre essa pérola do cinema mundial, com seu tenso equilíbrio entre loucura, violência, dramas urbanos e ternura, que o Rabisco se debruça nessa edição. Para quem não conhece o Rabisco, vale a visita, porque fala de cinema, política, futebol e um monte de coisas legais.
O endereço direto para o texto sobre “Táxi Driver” é http://www.rabisco.com.br/83/taxidriver.htm e depois de ler esse artigo, viaja no resto.
Vale a pena conhecer o Rabisco.

Há braços!

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sete de setembro - mais um desfile aí?

O estudioso inglês Samuel Johnson (http://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Johnson) já escrevera: "O patriotismo é o último refúgio dos canalhas". Dentre tantas outras belas idéias e citações desse esforçado micro-empresário falido (sua escola particular foi uma das tentativas em vão de sua vida), eu sempre me lembro dessa em dias de sete de setembro como esse. E não com total concordância, mas com imensa dúvida, pois não sei se realmente o patriotismo seja canalha, mas sem dúvida alguma vejo que a patriotada é de uma canalhice calabar.
Estamos em época de eleição, e mais uma vez podemos ver exemplos aos montes de rematados canalhas semeando perdigotos com suas afirmações ufanistas e mentirosas, abusando do direito do "não pensar" que a população se reserva em épocas de eleição e torneios esportivos. E aí Johnson vêm a mente.
Durante uma discussão orkutiana, uma idéia surgiu, e para ser justo e divulgar de forma adequada, preferi colocar o post inteiro do digno e indignado Albino. Publicitário, sujeito de boas argumentações e de posições claras, ele apresenta uma possível solução para o que é hoje esse espetáculo de horror e mentira, a campanha política.
Vejam isso:
"Votar nulo não adianta, mas reagir sim. Proponho o fim da eleição para deputados, pois só conseguem se eleger, os que tem grana pra fazer boas campanhas, e comprar votos. O embrião dos esquemas de corrupção (mensalão, sanguessugas, CPI dos Correios etc) é a Câmara dos deputados, pois tem gente incapacitada pra exercer cargos públicos, e ainda existe uma disputa de poder entre os partidos pra ver quem ocupa mais cadeiras nas Câmaras. Isso tem que acabar. Tudo gira em torno dos partidos políticos e da necessidade de se perpetuarem nas Câmaras. Só isso interessa. Representar o povo? Ahahahahahah, boa piada. Proponho uma mudança nisso:Acabar com as eleições pra deputados. Ao invés de eleições, os interessados teriam que passar pelo mesmo processo que cada cidadão brasileiro deve passar pra ocupar um cargo público. CONCURSO PÚBLICO. Para cada Estado estariam dispostas tantas vagas, e seria melhor se os candidatos tivessem nível superior. Isso é mais democrático, acaba com a farra dos partidos e pressionaria o Executivo a rever sua atuação. CONCURSO PÚBLICO PRA DEPUTADOS JÁ! REAGE BRASIL!" (esse post está em http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=61338&tid=2485772538009773077&na=2&nst=4)
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Ao invés disso, o que vemos ser praticado é uma outra frase de Johnson - "Uma promessa, uma grande promessa, é a alma de um anúncio." - que apregoa o produto que está a venda, o comércio em descontos polpudos que vemos nas ruas e nas tevês diariamente. O escambo de nossa alma em troca de interesses. A idéia do Albino é uma dentre tantas que poderiam ser apresentadas, discutidas, colocadas em prática quiçá, mas que esbarram na imensa inatividade de uma população mais preocupada com o circo do que com o pão. Eu me incluo nisso. E lamento.
Que hoje pudéssemos vislumbrar o que realmente temos de capazes e poderosos, o que realmente nos compõe como povo e como um país na construção da história, uma comunidade, uma unidade, uma força. Não por desfiles carnavalescos com passistas de péssimo gosto nos adereços, nem para exibição de força com aviões de segunda mão, mas sim com a beleza do riso, o dançar dos pés descalços e a certeza de que isso que somos "é também um pouco de uma raça, que não tem medo de fumaça e não se entrega não".
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Aos canalhas... nada.
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com
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terça-feira, setembro 05, 2006

O Inimigo vê os anúncios!

A idéia aqui é comentar anúncios de processos seletivos que vejo publicados regularmente pelos jornais. Não vou identificar as empresas, por motivos óbvios, e sempre vou oferecer o "diabinho" e o "anjinho" da história, além da minha opinião pessoal.
Começa assim:

Publicado no último domingo, dia 03/09/06.

Empresa que atua no ramo financeiro

EXIGE:

- Conhecimentos nisso e naquilo
- Conhecimentos mais nisso e naquilo outro
- Mais três linhas de conhecimentos
- Liderança orientada para tal coisa
- Informática...

Interessados mandar currículo para um endereço eletrônico.


EU CONDENO! - O processo de contratação é um momento bastante delicado da relação da empresa com o mercado, de uma forma geral. Costumo comparar ao momento em que você abre as portas da sua casa para alguém te visitar. Isso é delicado. E se nesse primeiro momento você já se apresenta de forma autoritária e - porque não dizer - grosseira com o seu "EXIGE" e nenhuma comunicação mais humanizada, isso realmente pode revelar uma faceta autoritária e fria de sua empresa.

EU DEFENDO! - Sim, o processo seletivo é trazer gente para sua casa, e que bom que essa "gente" já saiba desde o primeiro momento como essa relação será conduzida. Se minha empresa tem gestão autoritária com hierarquia rígida, é melhor que saibam disso logo no primeiro momento que é o anúncio de contratação. Existem profissionais para esse perfil de empresa, e para esses o anúncio já apresenta algo que os interessa: rigor, disciplina e firmeza.

O INIMIGO ACHA QUE... um texto mais humanizado, que mostre que a empresa pretende estabelecer uma relação com esse futuro contratado e com o mercado de uma forma geral ainda é minha preferência. Um "EXIGE" dito de forma seca e nenhum "Oferece" realmente apresenta a idéia de uma organização que não combina com os dias atuais.

E você, o que acha? Condena ou defende?

Relações, com o que realmente devíamos nos preocupar

Sou psicólogo, e optei por trabalhar com a área organizacional, o que significa uma opção por trabalhar com empresas e com recursos humanos. Não senti afinidade por nenhuma outra área, sempre tendo achado a área clínica – de psicoterapia, propriamente dita – possuidora de um ritmo muito lento para minha ansiedade poder suportar. E até experimentei ser psicólogo clínico, mas realmente eu gostava da agitação empresarial da área de recursos humanos, os prazos, a correria, a pressão, a competição por melhores resultados; além do ambiente das empresas que me era muito fascinante.

Digo tudo isso para abordar dois estereótipos que persistem em sobreviver apesar da passagem do tempo e do esclarecimento das pessoas. O primeiro estereótipo – no qual não vou me alongar – diz respeito ao psicoterapeuta, ao psicólogo clínico, e à imaginária varinha de condão que muitos acreditam esse profissional possuir. É normal e comum, em conversa com uma pessoa psicóloga, o indivíduo sentir-se atemorizado, amedrontado, preocupado, porque a criatura psicóloga vai descobrir todos os seus segredos e vai entendê-lo imediatamente nas primeiras frases. Isso é um rematado absurdo, até porque ninguém vive sua profissão por vinte quatro horas ininterruptas; e mesmo que assim o fizesse é um exagero quase infantil crer que o diploma de psicologia nos dá poderes sobrenaturais ou paranormais. Não nos tornamos bruxos com o diploma de psicólogos, mas nos tornamos apenas psicólogos, profissionais possuidores de técnicas baseadas nas prévias aptidões humanas que se valem de sensibilidade e de cuidado, mas isso e ponto.

O outro estereótipo persistente é o de que psicólogos de recursos humanos existem nas empresas para cuidar das pessoas. Cotidianamente somos até mesmo cobrados a respeito desse papel, de “cuidadores de gente”, quando na verdade nossa responsabilidade passa um pouco ao largo disso. Psicólogos organizacionais não devem se preocupar com gente, mas antes e primordialmente com as relações.

Pode parecer que estamos trocando seis por meia dúzia, mas na verdade são duas situações muito diferentes. A preocupação com a pessoa deveria permear também a preocupação com a vida particular, com as opções pessoais e íntimas da pessoa; e por mais que a empresa desenvolva atividades que visem melhorar aspectos da vida particular do profissional, como atividades sociais e ações voltadas para a família; ainda assim a vida particular permanecerá assim: particular. É temerário crer, na minha visão, que a empresa deva interferir de forma significativa na vida pessoal, até pela absoluta falta de tempo existente hoje nas organizações.

Mas ao nos preocuparmos com as relações existentes na empresa, aí sim podemos fazer funcionar uma interferência com potencial de expansão positiva exponencial. Digo isso porque se a empresa se preocupa com as relações dos profissionais entre si, dos profissionais com a empresa (a marca, cabe acrescentar), dos profissionais com clientes e mercado em geral; aí sim podemos influir na vida particular e pessoal. Mas sem a pretensão de que isso se realize por propósito, mas sim por conseqüência.

Um profissional que se relacione bem com seus colegas e com sua atividade possui melhores condições de se dedicar a uma família ou a amigos ou mesmo a atividades políticas ou religiosas. Isso porque o ambiente onde ele passa a maior parte do tempo é um ambiente saudável, produtivo e positivo. E posso imaginar que alguns leitores estão a se indagar qual o propósito de se orientar o foco para as relações; e tenho certeza que minha resposta poderá chocar alguns puristas: Produção!

Empresas existem para ter lucro, e isso é uma coisa óbvia ao extremo, portanto todas as iniciativas de uma empresa – entidade incorpórea e existente apenas pela vontade de um mercado de consumo – para com sua equipe visam melhorar as condições de produtividade. Se me preocupo com as relações durante esse processo produtivo, posso traduzir essa preocupação com a frase honesta: “Não me preocupo com a vida de vocês lá fora, mas aqui dentro nós vamos funcionar bem!”.

Pragmático demais? Pode ser, mas ainda assim as preocupações com as relações dentro das empresas deveriam ser a principal preocupação dos que tem a responsabilidade de gerenciar gente. Sim, isso mesmo, não só os psicólogos, mas todos aqueles que gerenciam pessoas, deveriam ter o foco orientado para as relações de suas equipes, e por isso esse texto. Não se trata apenas de uma responsabilidade dos RH´s, mas sim de todos aqueles que precisam motivar suas equipes e conseguir seus resultados através das mesmas.

Depois de nossas equipes integradas PROFISSIONALMENTE, depois de nossos resultados alcançados com as pessoas trabalhando de forma satisfeita, depois de termos conseguido gerar um ambiente profissional e produtivo; aí então vamos nos preocupar com as pessoas; e aí descobriremos que essa preocupação será em vão.

Tendo cuidado das relações, as pessoas estarão também cuidadas.

E você; tem cuidado das relações na sua empresa? Se as coisas continuam como sempre foram…

(r)evolucione!!

Há braços!


Também está no (com)Gestão do Andrei "Césio" Lima, no http://www.andreilima.adm.br/blog/